Eu ponho em tuas mãos, a adaga neste enfado
que a vida me impôs por tema-mor desafio.
Se as abaixas contra mim, terás-me então ceifado
o elo que ainda me resta por esse tênue fio.
De longínquas paragens, eu fui convocado
a externar o pensamento meu, inda sombrio.
Tenho ânsias de falar; de não ficar calado
por temer no silêncio o peso do alvedrio.
Sou de eras que larguei à custo de desprezo;
por não enfrentar chacotas e tontices vis,
silenciei uma vida por uma outra mais calma.
Ao romper relações com quem tinha mais vezo
apaguei a esperança de um dia ser feliz.
Pois ao despir meu corpo, eu desnudei minha alma.
Nonato Albuquerque
21.13 - 26.AGOSTO.18