eu nem lembro quando foi que fui;
só sei que nada sei do que sabia ser
na língua nossa que já foi do Rui
prosar em verso assim é meu dever
mas como quem não quer assim anui
ser a esperança a última a correr
nasci natimorto o que me constitui
Nonato esse nome ainda hoje ter
eu faço versos loucos, disparates
crio do nada o tudo que é poesia
só pelo simples desejo de fazer
se ao me ler, provoco-te embates
é que o verso tem a mesma rebeldia
das aves livres que só querem ser.