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domingo, 1 de setembro de 2019

Cartas Psíquicas AO NAVEGANTE QUE FICOU DE SER

Cartas Psíquicas
carta ao navegante que ficou de ser
A primeira vez que ouvistes falar do Bem, ainda provavelmente nos dias de tua infância, acolhestes com serenidade o sentido maior dessa virtude. É que tua alma ainda não fora tocada pelas ideias mundanas, não profanada pelos vícios e inquietações de posses, navegava no mar sob a bandeira da tranqüilidade. Para isso, conduziram-te mãos desveladas de teus pais, interessados única e exclusivamente em conduzir-te a seguro porto.

A segunda vez que cruzastes com o Bem, lembrar-te-ás das lições que teus mestres portaram em salas de aula. Deles, a sagrada voz da virtude te convidou a ser íntimo parceiro. Muitas vezes, abandonastes a rota segura e o compasso das cartas náuticas para admoestar-se num mar de aventuras, escapelado por muitas vagas. Como é ditame da lei, os efeitos reclamaram a objetividade da causa. Mesmo assim, a voz da Razão realimentou tua alma e conduziu o barco de tua existência por rotas e caminhos mais confiáveis.

Lembrar-te-ás: muitas vezes outras, o sagrado Bem acercou-se de ti. Diante do canto de sereias, interpretastes de modo diferente o convite a esse rumo. E sofrestes perdas. O tempo perdido, no entanto, lecionou-te a necessidade de resgate. E eis que, de volta ao leme, suplantastes desafios e conseqüências.

O tempo passou e agora, ao transpor a linha do horizonte da vida de volta à casa, já enfunando as velas para o atraque no pier, tens tu a consciência de que só o Bem é a carta que rege o destino das naus em expedição terrena. E que é preciso chegar à terra firme para anunciar a todos os que estão às margens da matéria que o mar da Vida esconde mistérios que a voz da razão ainda não clarifica.

Repousa na paz que o destino do teu barco ainda tem viagens muitas a cumprir. E nessas rotas de idas e vindas, o exemplo do marujo que sabe conduzir o barco com segurança ainda que sob tormenta, revela o bom senso de quem se ateve no leme do Bem, cartografado pelas lições maiores dos grandes navegantes do passado.

(Nonato Albuquerque)