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segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Poema seco tal qual o nordestino chão

as gretas armadas no chão de marcas 
é o mar de secura do sertão 


fome de chuva, só sobrando lágrimas 
nos olhos sangrados 
peito cidadão

o chão do Nordeste é um desenho só
das linhas das palmas
das mãos calejadas
em dias de sol, pra semear o nada

morte escancarada
no ano que está nascendo de novo
um só pedido, um só clamor
desse povo:
que chova meu Padim Ciço,
que inunde a sede dessa fome
nas bocas abertas dos rios e barragens.

E, amanhã,
quando houver de contar
todos os resultados
da semente a espiga, da espiga o milho
no alimento nosso
que melhor coisa boa, não tem nesses lados.