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quinta-feira, 30 de junho de 2022

VERSO SANGRADO DA MINHA VIDA EXTINTA

 

Na boca da noite, a bruma resiste 

em ser o que o mar a tudo converte.

Na praia, um homem prosta-se triste

diante do anjo que, ateu, se diverte.


A poesia do morto, ela está viva, existe

e busca fazer com que o povo liberte

o ego inflado, que sempre persiste

em que o laço da forca em si mais aperte. 


Eu não devo dar explicação alguma

Sobre o que escrevo e o que não faço

Pois sou de maior e já passei dos trinta. 


Quero apenas que me dêem só uma

chance de poder com esse meu traço

Sangrar o verso de minha vida extinta.


(Nonato Albuquerque, junho 2022)